quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Soneto



Canta teu riso esplêndido sonata,
E há, no teu riso de anjos encantados,
Como que um doce tilintar de prata
E a vibração de mil cristais quebrados.


Bendito o riso assim que se desata
- Citara suave dos apaixonados,
Sonorizando os sonhos já passados,
Cantando sempre em trínula volata!


Aurora ideal dos dias meus risonhos,
Quando, úmido de beijos em ressábios
Teu riso esponta, despertando sonhos...


Ah! Num delíquio de ventura louca,
Vai-se minh'alma toda nos teus beijos,
Ri-se o meu coração na tua boca!


Augusto dos Anjos
** Poeta Pré-Modernista

sábado, 24 de setembro de 2011

Primavera...

"Gostava agora de poder julgar que a Primavera é gente
Para poder supor que ela choraria,
Vendo que perdera o seu único amigo.
Mas a Primavera nem sequer é uma cousa:
É uma maneira de dizer.
Nem mesmo as flores tornam, ou as folhas verdes.
Há novas flores, novas folhas verdes.
Há outros dias suaves.
Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."


Alberto Caeiro

sábado, 17 de setembro de 2011

Poesia da Vida

 Vida é chuva, é sol
Uma fila, um olá
  Um retrato, um farol
Que será, que será?

Vida é o filho que cresce
Uma estrada, um caminho
É um pouco de tudo
É um beijo, um carinho

É um sino tocando
Uma fêmea no cio
É alguém se chegando
É o que ninguém viu
É discurso, é promessa
É um mar, é um rio

Vida é revolução
É deixar como está
É uma velha canção
Deus nos deu, Deus dará

Vida é solidão
É a turma do bar
É partir sem razão
É voltar por voltar

Vida é palco, é platéia
É cadeira vazia
É rotina, odisséia
É sair de uma fria
É um sonho tão bom
É a briga no altar

Vida
É um grito de gol
É um banho de mar
É inverno e verão
Vida
É mentira, é verdade
E quem sabe a vida
É da vida a razão...

Vida!

 Nenhum de nós

quarta-feira, 14 de setembro de 2011



"E quando seus olhos encontraram os meus, senti um clique, como uma chave destravando um cadeado. Acredite, não sou romântico. Embora já tenha ouvido muito sobre amor a primeira vista, nunca acreditei nisso, e ainda não acredito. Mesmo assim, havia algo ali, real e reconhecível, e eu não conseguia desviar o olhar."


Querido Jhon


P.S. Uma ótima leitura para relaxar... recomendo!

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O encontro


De tudo ficaram três coisas...
A certeza de que estamos começando...
A certeza de que é preciso continuar...
A certeza de que podemos ser interrompidos
antes de terminar...
Façamos da interrupção um caminho novo...
Da queda, um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro!"
Fernando Sabino

domingo, 4 de setembro de 2011

"Relógios de Dali"
Salvador Dali (1904-1989)

" O tempo é um tecido invisível em que se pode bordar tudo, uma flor, um pássaro, uma dama , um castelo, um túmulo. Também se pode bordar nada. Nada em cima de invisível é a mais sútil obra desse mundo, e o acaso do outro."

Machado de Assis